«A ignorância dói, machuca e mata». A intolerância religiosa sobre as religiões de matriz africana.
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Resumo
O artigo faz uma reflexão sobre a intolerância religiosa vivida pelos seguidores das religiões de matriz africana no Brasil. Essas religiões são frutos da resistência dos africanos escravizados em terras brasileiras; durante o longo período de escravidão, os negros conservaram a tradição religiosa de seus antepassados. Eles lançaram mão da Religião para manter aspectos da própria cultura. Dessa maneira, conseguiram dar novo significado à sua herança religiosa. Embora a modernidade tenha considerado a religião como algo inexpressivo e sem futuro, a busca da vivência religiosa dos antepassados permitiu aos descendentes dos escravos dar sentido novo à herança dos antepassados. Assim, os afrodescendentes descobriram na experiência religiosa, não apenas o encontro com o sagrado, mas também realização de seus anseios materiais e espirituais. Contudo, muitos grupos desses religiosos tem sido vítimas de intolerância, racismo e ódio por causa das expressões de fé em nosso contexto brasileiro. Esse cenário revela preconceito e intolerância por parte de outras denominações religiosas. Na atual sociedade brasileira, as Igrejas pentecostais e neopentecostais tem demonstrado atitudes de total repulsa e aversão a essas religiões de cunho africano. O desafio de manter a tradição dos antepassados e o enfrentamento contra a violência às expressões culturais de sua fé, faz dos seguidores das religiões de matriz africana protagonistas de uma luta incansável pelo seu espaço na esfera do pluralismo religioso.
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Referências
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